14 de novembro de 2011

GP do Brasil - a primeira vez


Em 1989, tive a oportunidade de assistir o meu primeiro GP do Brasil de F1 com alguns amigos. Na época, a corrida era disputada no circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

Lembro que a organização não era das melhores, o acesso aos portões era horrivel, um empurra-empurra danado - parecia gado entrando numa mangueira. 

A estrutura era precária, tudo era na base do improviso. Quando entramos no circuito para a corrida, nosso objetivo era ficar o mais alto possivel numa das arquibancadas do retão, a chamada Junção.
Pois sabiamos que quanto mais alto, além da visibilidade ser melhor, a chance de levar um saco de mijo nas costas ficava reduzida.

Pois é, naquela época a luta era para assegurar um lugar no alto da arquibancada. E após a conquista, poucos se aventuravam a descer de seus lugares, e caso descessem, dificilmente voltariam a sentar no mesmo ponto. Neguinho não deixava ninguém subir. Era inaceitável que alguém que chegou as dez horas da manhã, sentasse ao lado daquele que estava na fila desde as três da matina. 

 Logo, o banheiro era portátil. Tempos primitivos e selvagens, onde alguns idiotas enchiam sacos com a urina, atiravam nas costas de outras pessoas e davam risada...e a policia nada fazia.

Mas tirando esse lado "underground", o circuito era fantástico. O desenho da pista era sensacional. Mesclava curvas de alta e baixa, contava com uma longa reta, onde os pílotos embutiam no carro à frente para dar o bote no mergulho da curva Sul, um ponto tradicional de ultrapassagens. Enfim, era um circuito muito bem feito.
Do alto das arquibancadas era possivel avistar a pista inteira, ao contrário de Interlagos, onde se observa a pista apenas parcialmente.

Recordo perfeitamente daqueles dias - dos treinos, da classificação e logicamente da corrida. Assistir Senna rasgando a reta, e acenando para a galera que fazia a festa, fez valer o ingresso.

Era um novo tempo, com o fim da era turbo e o retorno dos carros com motores aspirados. Haviam 38 carros inscritos e vinte equipes, isso mesmo, vinte equipes. E com tantos carros, existia a pré-classificação - onde 12 carros disputavam as últimas quatro vagas no grid.

Na corrida, Senna acabou se enroscando na largada com Ricardo Patrese e Gehard Berger. Poderia ter abandonado a prova logo após o acidente, mas o piloto brazuca mostrou todo seu profissionalismo. Sem o bico e com o carro avariado, voltou aos boxes, recolocou a asa, perdeu duas voltas e retornou a pista. No fim das contas, terminou em 11º.

A vitória ficou com Nigel Mansell, a sua primeira na Ferrari. Alain Prost (McLaren) e o brasileiro Mauricio Gugelmin (March), completaram o pódio - segundo e terceiro respectivamente.

Apesar de todos os entreveros, valeu muito a pena estar em Jacarepaguá naquele ano. Justamente a última vez que a F1 correu por lá.
Uma bela lembrança que fica guardada na memória - assistir Ayrton Senna pilotando ao vivo...



2 comentários:

André Candreva disse...

Marcelo,

"A primeira vez a gente não esquece"... e realmente assistir a um GP, em particular no Brasil, é sensacional. Belo texto. Parabéns...

abs...

TW disse...

Marcelonso,

belíssima descrição do cenário. Deu pra montar o quadro muito bem.

Deve ter sido emocionante vê-lo guiando ao vivi. Só o via pela TV.

Ano que vem estarei em Interlagos.

abs