9 de novembro de 2017

GP DO BRASIL - A PRIMEIRA VEZ

Em 1989, tive a oportunidade de assistir com alguns amigos o meu primeiro GP do Brasil de F1. 

Na época, a corrida era disputada no circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

Lembro que a organização não era das melhores, o acesso aos portões era péssimo, um empurra empurra danado, até conseguir entrar no circuito. A estrutura no autódromo carioca era precária. Mas nada disso importava.

Chegamos ao local as três da madrugada e aguardamos na fila até o amanhecer para entrar no místico circuito de Jacarepaguá. 
 
Quando os portões foram finalmente abertos, nosso objetivo era ficar o mais alto possível numa das arquibancadas do retão. 

Sabíamos que quanto mais alto, além da visibilidade ser melhor, a chance de levar um saco de mijo nas costas ficava reduzida. Pois é, isso era comum naquela época. Todos buscavam assegurar um lugar no alto da arquibancada. 
 
E após a conquista, poucos se aventuravam a descer de seus lugares, e caso descessem, dificilmente voltariam a sentar no mesmo ponto. 

Mas tirando esse lado "underground", o autódromo enchia os olhos, principalmente daquele que o  contemplava pela primeira vez. 

O desenho da pista era sensacional. Mesclando curvas de alta e baixa com uma longa reta. No final do retão era o ponto alto, onde aconteciam belas ultrapassagens, no mergulho da curva Sul. 

Observar carros embutidos rasgando a grande reta, era sensacional. 
 
O melhor de tudo no circuito carioca, era poder enxergar a pista em sua totalidade, do alto das arquibancadas. Ao contrário  do circuito de Interlagos, onde se observa a pista apenas parcialmente.

Recordo perfeitamente daqueles dias - dos treinos, da classificação e logicamente da corrida. 
 
Assistir Senna e Piquet juntos na pista, fez valer o ingresso.

Era o começo de uma nova era na F1, com a volta dos motores aspirados. 
 
Naquela época, haviam 38 carros inscritos e vinte equipes, isso mesmo, vinte equipes. E com tantos carros, existia a pré-classificação - onde 12 carros disputavam as últimas quatro vagas no grid.


Na corrida, Senna acabou se enroscando na largada com Patrese e Berger na curva 1, logo após a largada. 
 
O brasileiro poderia ter abandonado a prova logo após o acidente. No entanto, correndo em casa pela primeira vez, após o primeiro Campeonato Mundial,  mostrou todo seu profissionalismo.
 
Sem o bico e com o carro avariado, voltou aos boxes, recolocou a asa, perdeu duas voltas e retornou a pista. No fim das contas, terminou em 11º.


A vitória ficou com Nigel Mansell, a sua primeira na Ferrari. Alain Prost (McLaren) e o brasileiro Mauricio Gugelmin (March), completaram o pódio - segundo e terceiro colocados respectivamente.


Valeu muito a pena estar em Jacarepaguá naquele ano. Justamente a última vez que a F1 correu por lá. Uma bela lembrança que fica guardada na memória. 



5 comentários:

Anônimo disse...

Bom tarde !

. Desorganização tinha mas me diga como era Interlagos antes de Jacarepaguá? Ou qualquer GP tirando nos EUA. Tinha medo das arquibancadas. Delas caírem. Isso mesmo. Mas era o início do que vemos hoje, no mesmo lugar, um complexo olímpico sendo jogado as traças. Acho que o Velódromo já está indo pras cucuias. Cucupins. O segundo. O segundo velódromo. Socialismo, teu nome é destruição. A verdade é que automobilismo no Rio só nos anos 1950, 1960. Um pouco nos anos 1970. 1978, ano mágico ! Tentaram nos anos 1980 mas a década coincidiu com a ascensão do mostrengo vermelho que odeia automobilismo.
E mais. Automobilismo esportivo é grana ! Muita grana. Junta-se a ideologia de morte a uma queda constante na renda do brasileiro( principalmente a classe média carioca) e vemos as equipes do Rio e Petrópolis minguarem. Anos 1990, tentaram com a Indy e MotoVelocidade mas o povão já estava com a cabeça feita e a classe média, mérdia. Morta viva. Praia e futebol restou. Aqui temos, na cidade, dois campos de Golf exclusivíssimos. Tivemos motonaútica na lagoa. Vi corridas de lanchas off shore. Bem, vi o veleirões da volta ao mundo. Aqui era um tal de ultra leve voando para tudo quanto era canto. Herbert paralamou-se todo num. Saíam atrás do autódromo. Muita coisa se foi devido ao populismo de esquerda. Falam de Sampa mas as primeiras corridas de automóvel foram onde ? Circuito da Gávea, se fizer, hoje, tú leva bala. Ele ainda pode ser feito em 90% do traçado ! Tô falando de turismo.Um museu mostrando a corrida com até um simulador. Seria fantástico. Bom, continuemos...
. Pô, 3 da madruga ? Nas corridas que fui, chegava às seis. Aliás, portão só abre às seis. Só uma que eu fui 'na boa'. Um cara, rico, gordão pacas, me deu duas entradas com direito ao paddock. Não gostava de corridas. Vi Elio de Angelis aparecer do meu lado para uma entrevista. Logo depois, um tempo depois, morreria.
. É, a tela de proteção. Atrapalha a visão. Não. Saco de mijo é no futebol. Você ficar na geral( extinta) era problema no Maraca ou em qualquer estádio que tivesse uma geral. O pessoal da F1 é bem, bem mais educado. E, como você, de fora, tinha 50% de 'paulistas' ! Rolou uns sopapos porque tinha uma boazuda bunduda de shortinho mas quem manda levar muié boa para se exibir ? Se aconteceu isso, das três vezes que fui, não vi essa de 'saco de mijo'. E fui a muitas corridas como Stock Cars das antigas e de antes da Estoque KKKKKKars de agora e carioca de automobilismo( fusca, voyage, passat, chevelho...). Nunca vi esta. Bom, talvez você tenha ido na ralé, né... Lá... na Norte. Fui sempre da Junção para a Sul. Pô. Viajar de tão longe para ir na pior posição do autódromo ? Caramba... Prefiro Gagálvão na TV. Denegrir a imagem do carioca não vale. Mijadinhas nos cantos, vi.
. Não sei se você foi com um grupo. Sozinho, perdia o lugar se fosse descer para ir ao banheiro ou comprar uns comes e bebes. Duas vezes, levei minha marmitinha.
continuando...

Anônimo disse...

Continuá-lo-ei...

Sim. O problema, hoje, seria a largura da pista. Se tivesse grana, fosse um bilionário tarado por corridas, faria quase o mesmo traçado em algum lugar fora do Rio. 'Quase'? Sim. Pros F1 de hoje, ou a Girão ou a Nonato teriam que 'sumir'. Gosto de Santa Catarina e de Goiás. Santa leva vantagem pelo público uruguaio e argentino próximos. O problema são os aeroportos. Pousa jumbão ou 777 ? Ou seja, logística. Goiás, uma visão diferente de Brasil pros gringos( e brasileiros...) mas nem sei se a hotelaria aguentaria o tranco. No Rio, estado, tem um lugar dando sopa mas seria para um futuro bolsonarista. É porto com praias lindíssimas ! Daquele ladrão, Aique Batixta. Ao norte do estado. Pista de pouso, teria espaço de sobra para uma bem comprida e larga. 16 listras. Sair do aeroporto direto para o autódromo. Só faltaria construir tudo ali. Hotéis, restaurantes, bares... uma 'cidade'. Ha...
. É, e a vista. Sim, estranho não falar da Pedra da Gávea ao lado, da Barra da Tijuca de frente procê e, ao sul, um pouco do Recreio e os morros do maciço da Pedra Branca que seguem até Grumari. Fazia sol, portanto, uma vista linda ! E não falar nem um pouco da sua estada no Rio. Onde foi ? Foi ao Cristo( de GH-4 ! Tá no capacete dele)? Pão de Açúcar ? Copabacana ? Conheceu o 'maior' do Mundo ? Ainda era o 'original'. Museus... Peças de teatro, ainda tinha muita gente boa atuando. Um showzinho. Era novinho ? Da Xuxa ! Era a vantagem do circuito de Jacarepaguá de ter uma cidade como o Rio de Janeiro ainda civilizada. Turismo. Jacarepaguá era um lugar lindo mas virou, hoje, Interlagos. Tá feio pacas, o bairro. E a Barra, um paliteiro só.
. Dos pilotos que eu gostava e não foram campeões, nem vitórias tiveram, estão Maurício Gugelmin e Roberto Pupo Moreno. Mais pilotos que rilotos com Zacarias e Barrilbello só não tiveram uma Ferrada para pilotar.
. A ida para Sampa, três envolvidos. Saudoso Tiozão, Mamaluf e César O Mala, pai do Botafogo. Um cara fantástico e dois ladrões. O traçado de Interlagos péssimo, para mim, se comparado com o antigo. Culpa do Saudoso Tiozão, dessa ele não escapa.
. Lembro de ver uns caras da McLaren perdidos no Rio, em Copabacana, no ano de 1990, após o GP. Soube que muitos- equipes e principalmente, pilotos - odiaram a ida do GP para Sampa.
Com toda a razão estavam... Sampa é feia demais. Vai, tem prédios bonitos. Culinária de prima... Teatro, cinema. Pacaembu. Não pode bobear à noite.

M.C.

Marcelonso disse...

M.C.

Não tenho intenção em diminuir o carioca, mas o fato é que há praticamente trinta anos atrás era tudo muito primitivo. E na época eramos estudantes e com pouca grana. Ainda assim, não trocaria essa estada no Rio por 10 em Interlagos, onde estive em cinco oportunidades;


abs

Anônimo disse...

...Andam falando em Floripa.

Sim, GP do Brasil F1 em Floripa.
Corrida de rua ? Pesquisarei no Google Maps.
Autódromo ?
Dou a maior força. Vão marcar um golaço ! Ou, melhor, uma ultrapassagem genial sem asinha que abre e fecha. Já escrevi várias vezes sobre. Santa Catarina merece levar o GP até porque é o estado do empreendedorismo no país. São Paulo é, após estes anos todos, empreendedor ? Claro. Mas fica evidente também que tem um tipo de empreendedorismo maléfico, dos grandes capitais, que não precisa ser exterminado e, sim, precisa ser monitorado de pertinho pois existem os leões e eles precisam ser colocados para competir ou, para distinguir melhor, os capitalistas 'campeões nacionais' seriam o alvo, aqueles, que surgem como 'sócios' do estado - metacapitalistas - e acabam com a competição. Bom, Santa têm os seus, o mesmo cara, um metacapitalista paulista que queria criar o Carrepão e é dono da Sadia e Perdigão antes competidoras e adversárias. Só como exemplo. Mas pequenas e médias aos borbotões é que é saudável para todos nós, consumidorese o seu estado tem de montão. Ou ainda tem.... Se grandes se tornarem, olho nelas. Forçar a divisão, venda de parte delas, salutar medida americana de mais de século.
Torço por Santa Catarina e Florianópolis. Infelizmente, ainda são boatos da ida da F1 para aí.
. Quanto ao Rio de Janeiro, deu a entender isso, Marcelonso, mas deixa prá lá. Carioca é bicho meio odiado no país pelas glórias passadas da cidade, ex-maravilhosa. Ficamos meio metidos a bestas, reconheço. Ia, esta época, muito, ao autódromo e nunca vi UM saquinho de mijo voando. Vi, sim, e me protegia, ai..., na geral do Maraca ! Fui só duas vezes por ser arquibaldo puro sangue e não geraldino. Cadeirante fui também. Para não dizer que carioca é um gentleman, quase fui preso por estar no alto das arquibancadas do autódromo após corrida, F1, se não me engano, 1986, do Piquet cansadão no podium e Senna segundão !, e, de repente, policiais enfurecidos chegaram para cima de mim como se eu tivesse jogado uma pilha aa no capacildis de um deles. Estava de costas, olhando a saída da multidão quando ' ei, você aí ! Você mesmo '! Os caras, com uma baita raiva nos olhos, perguntaram. Eu, jovem, fui esperto: 'Toma a minha mochila, se tiver um radinho de pilha ou algo que seja ativado por pilha, eu vou com vocês'. Só a Minolta do meu pai, das antigas, um guarda chuva (daqueles, pequenos) e um casaco. Março, ...são as águas de Março fechando o verão... e tinha chovido um dia antes. Só que fez um baita sol no dia da corrida mas mesmo assim, né ? 1981, o ano do Piquet 'burro', Chuva. 1982, nublado. 1984, sol, com nuvens. Um guardachuvinha é interessante. Ou capa de chuva mas não tinha uma. Ou tinha, não me lembro. Bom, revistaram e se mandaram. Isso eu vi acontecer no Maraca e foi 'exportado' para o autódromo de Jacarepaguá: arremesso de pilhas nos capacildis dos poliça.
Era os estertores da ditamole... O pior estava por vir.


M.C.

joaoleopires disse...

Excelente...que relato que vale a pena ler linha por linha!
As fotos também excelentes!!!!